quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

"Ó professora mas tu ainda tens avós?"

As coisas que nós descobrimos a trabalhar com crianças pequenas.
Enquanto uns nos acham velhos para ainda termos avós, outros acham-nos muito novos e tratam-nos pelo nome.
O que se passou hoje deixou-me, de certa forma, babada, apesar de ter consciência que para muitos colegas seria uma dor de cabeça!
Ao chegar à escola, depois do almoço, vêm duas alunas do 1.º ano (que não são minhas alunas) a correr na minha direção e a chamar pelo meu nome. Penduraram-se em mim a pedir o beijinho da praxe!
Acedi aos seus pedidos e continuei em direção ao edifício da escola. Passo a porta do mesmo e vem mais um aluno (agora rapaz), também do 1.º ano, a correr na minha direção e a gritar o meu nome. Cumprimenta-me com um acenar de cabeça, depois de me abraçar e segue o seu caminho.
Ganhei o dia com estas 3 crianças, que nem sequer são meus alunos.
Chego à sala e explico aos meus alunos que terei de deixar o telemóvel ligado porque estou à espera de uma chamada importante, dado que a minha avó foi para o hospital à hora do almoço.
Escândalo!!!!!! Não porque tenho que atender o telemóvel:
- Ó professora, nós percebemos. Isso não acontece todos os dias.
- É uma situação diferente. Vão-te telefonar para dar notícias.
Mas escândalo porque:
- Ó professora, mas tua ainda tens avós?
- Estás a dizer que eu sou velha?
- Não! Mas tu ainda tens avós?
Entretanto outros escândalizados com as perguntas do colega, já rematavam:
- Cala-te! Toda a gente tem avós, só que uns já morreram.
- Claro que a professora tem avós. Olha que pergunta!
Escusado será dizer que durante mais alguns minutos houve histórias de avós e netos, uns que ainda tem todos os avós vivos, outros que não conheceram os seus avós. Daí o escândalo. Se eles não conheceram os avós e são novos, porque é que a professora ainda tem avós?

sábado, 7 de janeiro de 2012

Dia de Reis

No dia 6 de janeiro comemorámos o dia de reis e como não podia deixar de ser, cantámos as famosas "janeiras".
Depois de explicarmos às crianças toda a tradição que envolve o cantar das janeiras, lá as ensaiámos para ir cantar às crianças do jardim de infância.
Pegámos na canção do Zeca Afonso, fizémos algumas alterações na letra e lá fomos para o jardim de infância.
No final da atuação, depois dos aplausos e respetivos agradecimentos, avisámos que íamos regressar à nossa escola e eis quando a admiração chega junto da minha colega.
- Professora, é só isto?
- Só isto, como assim?
- Cantamos e vamos embora?
- Sim.
- O quê? Ao menos uma fatiazinha de bolo-rei.

Pois é... o que esperávamos? Na explicação durante a manhã, dissémos que a tradição diz que vamos cantar de porta em porta e as famílias agradecidas oferecem um pequeno lanche.
Ora, pois claro, na cabeça de uma criança, depois de cantar tinha direito a comer, nem que fosse só uma "fatiazinha de bolo-rei".
Não quero ser ave agoirenta, mas parece-me que no próximo ano quando falarmos em cantar as janeiras, apenas iremos receber um zé povinho como resposta.