Hoje foram os alunos do 4.º ano os presenteados.
Lá chegam à escola curiosos por descobrir o que os 2 cadernos traziam escondidos. É claro que há sempre algo que ajuda a complicar: alguém que se esquece do cartão de cidadão, alguém que tem que ir mais uma vez à casa de banho que se perde do grupo e entra em pânico, alguém que vem com aquela carinha capaz de rebentar em pranto mas que a todo o custo procura mostrar a todos que é forte. Sim tem que ser muito forte, até porque a maioria vai realizar a prova num espaço que desconhece, com uns professores que nunca viu. Digo a maioria porque parte dos alunos da escola onde leciono já frequenta regularmente a biblioteca, pelo que o espaço não é de todo desconhecido. No entanto a nível nacional são muitos os alunos que entram pela primeira vez na escola dos crescidos.
Ao longo das últimas semanas os professores, quer do 1.º ciclo, quer de Português e Matemática do 2.º ciclo, têm vindo a realizar provas tipo exame com os alunos, procurando desta forma, prepará-los para o mais diverso tipo de questões. Recomendações aqui, chamadas de atenção ali, repreensão acolá porque não leu a pergunta como deve de ser, ralhete mais além porque não releu o que escreveu... um sem número de advertências associadas a um igual número de atividades realizadas com a preocupação de preparar os alunos para o dia D. Mas...
Há sempre um mas. Todos os professores têm consciência que essa tarefa de rever o que já foi feito pelo aluno não é fácil de cumprir. Temos de nos colocar no lugar deles e aceitar que se eu já fiz, está feito e é melhor não mexer, a não ser que tenha a certeza daquilo que vou fazer. Voltar a ler? Ler, outra vez? Mas fui eu que escrevi!
Estas e outras situações acontecem nestes dias. É que estes miúdos, falando agora dos alunos do 4.º ano, apesar de aparentarem calma e descontração, na hora da verdade ficam com um embrulho no estômago. No meio de tanta coisa, os nervos apertam, atrapalhando o desenrolar do trabalho, ficando sempre com a sensação que não há tempo para reler e melhorar.
Ah e tal ainda têm uns minutos de tolerância e "devem" usar.
É verdade! Voltemos ao lugar deles, aos 9 e 10 anos às vezes mal medidos. Respondi a tudo, verifiquei que fiz tudo e ainda faltam 10, 15 minutos para o intervalo. Usar a tolerância? Não! Quero é ir lanchar. Sim nestes dias, apesar dos nervos, a fome aperta e "estômago vazio não pensa".
Às vezes penso que a nossa memória é mesmo muito curta. Já fomos alunos, já passámos pela escola, é certo que uns há mais anos do que outros, mas todos fizemos este percurso, e rapidamente nos esquecemos como pensávamos na altura. Não nos podemos esquecer que com 10 anos queríamos ouvir a campainha e sair disparados da sala de aula para vir correr, saltar, pular, ... para o pátio da escola, quer fosse em dia de aulas, quer fosse em dia de testes. Havia preocupação em tirar bons resultados, até porque a mão do professor era pesada e em casa ninguém queria maus resultados, mas brincávamos e não gostávamos que nos retirassem os intervalos.
Agora aos 10 anos, fazem provas finais a "meio do ano letivo", que em caso de correrem mal têm direito a aulas de compensação (em período de férias) para voltarem a repetir as provas.
Esta situação leva-me a outra questão: e provas finais, no final do ano letivo? E deixarem as crianças serem crianças? E...
Fico-me por aqui.
A todos os contemplados com provas finais antes do final do ano letivo, desejo os melhores resultados. Com calma, atenção e concentração, cada um fará o seu melhor, mesmo que naquele dia o seu melhor não cumpra os seus requisitos, mas todos temos dias menos bons.

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