quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O sistema solar aos olhos dos mais pequenos II

Definitivamente, o planeta Terra é o mais bonito dos planetas!

A mistura do seu azul do mar, com o contraste do verde e castanho dos continentes, misturado com as nuvens, dá uma imagem de vida e de calma, simplesmente difícil de descrever.
É óbvio que esta calma é temporária até surgirem as primeiras dúvidas de 25 crianças com 8 anos (alguns já fizeram os 9).
- Professora, mas... o nosso planeta visto do espaço é mesmo assim?
- Assim como?
- Vê-se os oceanos e os continentes?
- Sim...
- Então mas lá em baixo a água não cai?
- Não.
(E lá volto eu a falar na história dos hímens que com a sua força nos permitem andar em cima da Terra)
- Sim, sim, sim.... já falaste nisso muitas vezes. Mas como é que as pessoas andam lá em baixo sem ser de pernas para o ar? É que eu pensava que nós estávamos dentro da Terra.
E lá vou eu pegar na bola de futebol que um dos miúdos tinha levado, improvisar um bonequinho, que vai andar à volta da Terra. Não me pareceram muito convencidos, mas não fizeram mais perguntas....

...
- Ó professora mas a Lua parece tão pequena...
- Não vez que a fotografia foi tirada de mais perto da Terra. (responde outro aluno(a))
- Foi professora?
(Mais uma vez descobri que não é fácil tomá-los por tolos. Quando acham que a história está mal contada, despacahm-se a procurar esclarecimentos)
- É verdade.

- Repara agora na Terra vista da Lua.
- Ai que fixe! Se eu pudesse andar ali de bicilceta, isso é que era!
- Mas sabes que não podes.
- Pois sei, mas isso é que é mau. Porque era mesmo fixe!


Planeta Vénus. Nem falei da história da deusa.
Apresentei uma breve descrição que falava dos seus muitos vulcões em erupção e aproveitei para, já que a mesma referia que 4/5 do planeta eram vulcões, para associar à matemática, uma vez que temos andado à guerra com as frações.
Bonito serviço!
- Ó professora aqula parte ali, que está mais clara, é a cratera de um vulcão, não é?
(Jesus Cristo!!!!!! Eles até vêem crateras! Até parece que estou numa exposição de pintura moderna em que as pessoas descrevem coisas nos quadros e eu apenas vejo borrões de tinta - Peço desculpa pela minha falta de cultura.)
- Não sei.
- Mas não estás a ver? Ali, à esquerda. Tem uma roda mais clara.

- Ó professora se eu colocasse a minha perna no planeta Vénus o que é que acontecia?
- Primeiro não conseguias aproximar-te do planeta, porque a nave onde irias acabava por derreter muito antes de lá chegar.
- Está bem, mas se eu chegasse lá, o que é que acontecia?
- Derretias.
- Assim, puf, mais nada?
- Sim.
- É mais quente que um vulcão?
- São muitos vulcões e está perto do Sol.
- Hum... era fixe!
(Bolas! Este fascínio deita-me abaixo!)

O sistema solar aos olhos dos mais pequenos

Falar dos planetas, dos astros e das estrelas é fascinante. Desperta nos mais pequenos uma curiosidade de perceber um desconhecido muito grande, que não nos passa pela cabeça.
As imagens a que temos acesso, quer nos manuais, quer na internet, são meras fotografias que não demonstram as verdadeiras dimensões.
Ora aí está! Pegar em imagens do planeta Terra e respetiva Lua e dar a perceber que é muito grande, a quem olha para uma fotografia e consegue ver tudo (acham eles!) é uma carga de trabalhos!

Perguntas que me fascinaram nestas aulas:
- Se o Sol é uma estrela, porque é que parece maior que as outras?
- Porque é a estrela mais próxima do planeta Terra.
- Então podemos viajar até ao sol!
- Não. O Sol é como que uma fogueira, mas tão grande, tão grande, tão grande, que não nos podemos aproximar.
- E se nos aproximarmos?
- Ficamos derretidos.
- Hum....
....
- Ó professora, então porque é que Mercúrio não derrete se está tão perto do Sol?
- Na imagem parece que está perto, mas está a muitos milhões de quilómetros de distância.
- A sério? Ai, não parece nada.
....
- Ó professora, mas se existem dois planetas antes da Terra, entre o Sol e o nosso planeta, como é que nós avistamos o Sol da Terra?
(Nesta fase, já eu pensava "oh diabo... no que eu me vim meter!")
- Ora vê lá tu! O Sol é uma fogueira tão grande, tão grande, que mesmo com dois planetas antes da Terra, nós ainda o conseguimos ver.
- Então se fosse possível eu estar em Plutão, que já não é planeta, eu também conseguia ver o Sol?
(Isto está bonito. Cada cavadela....)
- Provavelmente, se bem que muito mais pequeno do que o que consegues ver da Terra.
- Ah... então é mesmo gigante!
(Boa! ou não...)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

"Ó professora, mas assim temos que ler tudo!"

Ler pode ser uma tarefa difícil e cansativa, principalmente para quem não gosta de ler.
No outro dia, por causa dos diminutivos e aumentativos, houve uns stresses por causa da palavra casa. O diminutivo até foi fácil de encontrar e escrever - "casinha" - mas o aumentativo, foi uma carga de trabalhos. A maioria dos alunos teve dificuldade em aceitar o -ão na palavra, de maneira que escrevem como aumentativo de casa - "casaram".
- Ó artistas, esta palavra é "casaram".
- Ó professora, estás enganada, é "casarão".
- Não! Da forma como escreveram é "casaram", ou seja, "O Filipe a Maria casaram no domingo passado".
- Ai.... então como é que se escreve?
- "casarão".
Entretanto já tinha uns quantos olhos capazes de me fuzilarem, preparados para me atacarem com a teoria do costume:
- É sempre a mesma coisa! Se escrevemos com -am no final, está mal porque é com -ão; escrevemos com -ão, também dizem que está mal porque é com -am. Ainda querem que a gente aprenda a escrever. Com tanta esquisitice, não é nada fácil!
Protestos à parte, lá fui explicando as diferenças com exemplos de palavras e como era feita a leitura das mesmas. Mas às tantas...
- Ó professora e se nós quisermos dizer que "eles casarão" no futuro.
- Nesse caso escreves com -ão.
- Mas assim a palavra é igual a "casarão", casa grande.
- A escrita, dizemos nós a grafia, é a mesma, mas o significado não.
- E como é que sabemos se é uma ou  outra?
- Tens que ler a frase e perceber o contexto.
-Ah... o contexto.
Entretanto, um dos mais espigadotes, reclama (mais um bocadinho):
- Perceber o contexto? Mas assim temos que ler tudo! Que chatice!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Deixar o individualismo


Vamos lá construir um jardim bonito!
Vamos deixar o individualismo fechado a sete chaves.
Há uns anos falaram-me de troca de serviços. Pessoas que ofereciam os seus préstimos em troca de outros. Cada um faz aquilo para o qual se sente dotado e em troca recebe um favor feito por alguém que tem outros dotes.
É uma forma de partilha. Partilha social, é certo. É uma forma de sairmos do nosso casulo e ajudar os outros, recebendo ajuda em troca.
Utupia? Talvez.