Este ano do dia de reis é ao domingo, não há aulas, logo não há alunos.
Como não vamos cantar as janeiras, acabei por idealizar uma atividade que não repetisse as famosas imagens dos 3 reis magos para colorir, a explicação, mais ou menos histórica, desta tradição, bem como a elaboração da famosa coroa de rei.
Inventei!
Quis oferecer aos meus alunos uma fatia de bolo rei. Para não estar a fazer em casa, optei por idealizar um dia de trabalho à volta do bolo rei. Meti os ingredientes num saco, a máquina de fazer pão no carro e coragem no coração.
Ao entrarem na sala estranharam "as trancas", mas não fizeram comentários.
Começaram por escrever os sumários dos trabalhos desenvolvidos ontem e depois eu escrevi a receita do bolo no quadro.
- Vamos fazer bolo rei!
- Yupi!!!
- "Blhac" odeio bolo rei! Sou obrigado a comer?
- O que é que não gostas no bolo? A massa do bolo, ou as frutas do bolo?
- As frutas.
- Ótimo. Pegas num guardanapo, "depenicas" o que não gostas e comes o restante.
- Está bem!
Começámos a explorar os ingredientes do bolo e expliquei-lhes que já tinha o fermento preparado.
- 1000g de farinha.
- É o pacote todo.
- 200 g de açúcar.
- Tão pouco?
- Pois é... fica o doce nas frutas cristalizadas.
Peguei num copo medidor, pedi ajuda e lá encontrámos as 200g de açúcar.
- 6 ovos.
- Eu quero partir os ovos!
E, um a um, lá chamei 6 alunos para partir os ovos. (Ai que medo!)
- 2 dl de leite.
E vou buscar um dos pacotes pequenos que há na sala.
- Isso tem 2 dl de leite?
- Não, tem 200 ml.
E escrevo no quadro 200 ml. Relembramos as unidades de medida de capacidade e fazemos a redução de ml a dl.
- É o pacote todo!
- Boa! 200g de manteiga. A embalagem tem 250, posso pôr toda?
- Não!
- Então como fazemos? Não há balança.
- Deixas um bocado na embalagem.
Pego na faca e faço uns traços na manteiga.
- O que é que estás a fazer?
- Estou a tentar dividir a manteiga em 5 partes iguais.
- Ah... deixas uma parte.
- Exato.
!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?
- O que é professora?
- A panela da máquina não leva mais ingredientes. Vamos ter que deixar mexer a farinha e depois dividimos ao meio.
- E assim fazemos 2 bolos!
A inocência das crianças, 2 bolos é muito mais que 1 bolo com o mesmo peso. O que interessa é a quantidade!
- Enquanto a máquina mexe a farinha, vocês vão copiar a receita e depois vão escrever a receita mas para metade da dose e para o dobro da dose.
- Professora isto estava a correr tão bem e tu transformaste uma aula divertida num monte de trabalho!
- Ah, ah, ah, ah... mas nós não estamos de férias e o bolo serve para nós trabalharmos a matemática também.
Entretanto ia preparando a fruta cristalizada para juntar à massa.
- Ai não gosto de fruta cristalizada!
- Ai eu adoro!
- Ok, fazemos duas variedades: um com frutos secos e outro com fruta cristalizada.
- Boa!
Entratanto massa está preparada. Dividi-a em duas partes mais ou menos equivalentes, que foi a olho, juntei os frutos secos e coloquei a máquina a acabar de mexer.
Na outra metade juntei a fruta cristalizada e comecei a mexer. A auxiliar da escola ofereceu-se para meter a mão na massa. Eu agradeci, pois queria que os meus alunos continuassem a trabalhar (tinha uns problemas para eles resolverem) e não dava jeito eu andar com as mãos na massa que ainda dava cabo de algum trabalho.
Lá amassou a dita e colocámo-la num forno que uma das educadoras do JI nos emprestou e que já estava na sala.
Bem, quando começa a cheirar a qualquer coisa cozida, começam aquelas bocas a falar... Ai minha mãe, naqueles comentários cheirava a tudo menos a bolo. Entretanto como o forno tinha as duas resistências ligadas as frutas cristalizadas queixaram-se do calor e lá fui eu buscar um pano para tirar o bolo do forno.
Este, apesar de tostadinho, foi-se! E que bem que soube!
Estava na hora de colocar o segundo bolo no forno. Como a massa era muita, lá foi dividida, novamente, decorada e forno com ela.
Este, massa fofinha.... também se foi. Hum!!!!!
Por fim, lá foi a última dose. A auxiliar tinha lido que devíamos colocar uma chávena no meio, para que o buraco ficasse bem redondinho. E assim fez!
Com o calor, também os frutos secos se queixaram, mas a massa, fofinha, não escapou às bocas gulosas.
Antes das 16h00 e depois da resolução de problemas e atividade de Tag Rugby, chegou a hora de provar os bolos.
Curioso, curioso, é que depois das reclamações tive alunos a comer bolo rei pela primeira vez e a repetir. Alguns dos que afirmaram que não gostavam, lá se encheram de coragem e provaram. Entre caras estranhas e olhares esgazeados, lá comeram pelo menos meia fatia de bolo. Claro que houve quem não tivesse coragem para provar.
Ainda sobraram umas fatias, mas foram para as professoras e auxiliares da escola!