segunda-feira, 19 de setembro de 2011

"Ó professora, tu também és polícia?"

Além de professora a tempo inteiro, procuro nas minhas poucas horas livres, fazer uma actividade que me dá muito prazer: tocar saxofone. Faço parte de uma banda filarmónica.
Ora a "minha filarmónica" há mais de 100 anos que, consecutivamente, participa nas Festas religiosas de uma localidade chamada Milagres. É uma Festa com bastante história e religião, não sendo fácil perceber a que tem mais peso.
Este ano, voltámos a realizar a Festa, que tem a particularidade de ser no fim-de-semana mais próximo do dia 15 de setembro (agora com letra minúscula), sendo a segunda-feira o dia principal. Este ano apanhámos os dias 18 e 19 de setembro. Claro que as aulas já começaram e entre muita ginástica por parte dos músicos estudantes e dos não estudantes, mas trabalhadores, lá conseguimos organizarmo-nos para não realizar o nosso trabalho normal e trabalhar um dia, a defender a nossa filarmónica, a tocar.
Eu, claro está não me livrei de um dia de aulas, mas graças a um horário que acabou às 16h00 numa escola que até não está muito longe dos Milagres, lá rezei por um milagre e ainda fui a tempo de fazer a procissão e o concerto, apanhando um "desgraçado" que não se safou das aulas e que mudou de roupa no carro, enquanto me dirigia para a festa.
Para poupar tempo levei a farda para a escola, dentro do porta-fatos para me vestir assim que saísse das aulas. E foi o que fiz. Só que...
Assim que acabo de descer as escadas dou de caras com um aluno da minha sala que me pergunta na hora:
- Ó professora, tu também és polícia? (a farda tem calça azul escura e camisa azul claro, como a polícia)
Não me desmanchando, acabei por dizer:
- Nunca se sabe. - E fui-me dirigindo para a sala das minhas colegas para dizer até amanhã.
Atrás de mim seguia o aluno curioso sempre a repetir a pergunta:
- Ó professora, mas tu também és polícia?
Entretanto entro na sala de uma das colegas que ao ouvir a pergunta do meu aluno lhe diz:
- Olha se fosse a ti, pelo sim, pelo não, a próxima vez que quisesse fazer asneira na sala de aula, pensava duas vezes.
Mas o aluno, não satisfeito, insiste:
- Mas tu ainda não respondeste, és polícia ou não?
Olhei para ele e disse:
- Olha bem para a minha roupa.
Ele mira-me de cima a baixo, vira a cabeça e baixando os olhos sai sem dizer mais nada. Nunca mais o vi.
Estou curiosa para ver a reação amanhã na sala de aula.

sábado, 17 de setembro de 2011

Reconhecer uma cara

As aulas, para mim, ainda ontem começaram, e já passei uma vergonha bem passada.
Então, não é que estando eu a tomar o meu café depois do almoço, com as minhas colegas, numa esplanada que por acaso até era bem recatada, me aparece uma das "criaturas da sala" ao meu lado. Só me apercebi porque senti que estava alguém a fazer-me sombra. Eu olhei para a dita e disse: "Olá", ela também respondeu. Entretanto, a toda a velocidade que o meu cérebro me permitia pensar, tentava descobrir quem seria, mas confesso que não a reconheci. Viro-me para as minhas colegas e pergunto:
 - É minha?
Resposta imediata das minhas colegas:
- Se não conheço os meus, como raio queres que conheça os teus?
Bonito serviço, pensei. Olhei novamente para a "criatura" e perguntei-lhe:
- Eu sou tua professora?
- És!
Lindo, então eu tinha estado com a dita na sala , a manhã toda, e não a conhecia! Bonito, cada vez melhor! E lá lhe perguntei.
- Não estavas à espera que eu te conhecesse, pois não? (Já estava a manipular a resposta)
- Não. - este "não" foi pouco convincente, pois estava com ar que quem pensava "coitadita, já não vais longe se estás nesse estado!"
- Então estás sozinha?-, voltei a perguntar. E continuava a pensar que raio de sorte a minha, depois da 1.ª manhã de aula ser confrontada por uma das "criaturas" da sala e nada...
- Não, estou com a minha mãe!- e apontou na direcção da mãe.
Ora coisa estranha... só estive uns escassos minutos com a senhora, com mais não sei quantos pais à minha volta, e lembrava-me perfeitamente da cara dela... (Ai Jesus!) E depois de uma manhã na sala com a criança não consegui reconhecê-la?!
Vai p'ra casa!
Mas depois de ver a mãe, lá consegui lembrar-me da criança, do nome dela e até de quem estava sentado ao seu lado. Credo!!!!!!! Que medo!
Hoje, tentei explicar a minha atitude (reles e... sei lá... muito estranha) à miúda:
- Sabes eu sou só uma professora e vocês são muitos, não é fácil conhecer-vos de um dia para o outro.
- Eu sei.
Não me pareceu que ela acreditasse em mim. Mas ao longo do dia lá me dei conta da dificuldade de ontem, pois é raro encontrarmos alunos que entram mudos e saem calados, fazem tudo o que é pedido e ainda por cima esperam eternidades (sim eternidades porque uns escassos minutos nestas crianças parecem horas) com o braço no ar à espera que eu dê pela sua presença e lhe dê autorização para falar.
O ano promete!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Primeiro dia de aulas

Quinta-feira, 15 de Setembro de 2011
Para os pequenos do 3.º ano, este foi o recomeço das aulas. Foi o primeiro dia com uma professora que, até então, desconheciam. Na terça já tinha sido realizada a reunião com os pais e Encarregados de Educação e alguns meninos tinham estado presentes, mas hoje seria mesmo a primeira vez.
Pouco depois da apresentação já tinha braços no ar:
- Sim...
- A minha mãe diz que tu és exigente. (Particularidade do 1.º ciclo, tratar a professora por "tu")
- E o que pensas disso?
- Já estou avisado.
Na outra ponta da sala mais um braço no ar com uma pergunta:
- O que é ser exigente? É falar muito? É que tu ainda não te calaste.
E lá vai a explicação do que é ser exigente.
Efectivamente fiquei com a sensação que estavam a ouvir o que eu dizia, mas... há sempre um mas. Na verdade só me apercebi da importância do que dizia quando, à hora do intervalo, depois de todos saírem da sala de aula, dou-me conta que uma aluna, que estava sentada ao fundo da sala, tinha escrito uma série de frases num caderno de apontamentos. Curiosa fui lê-las. E, então, tomei consciência que as regras que eu tinha falado estavam escritas no caderno (com alguns erros ortográficos, é certo) de acordo com o entender da aluna. Apenas uma estava registada que eu não tinha mencionado. Talvez por isso a aluna tivesse escrito que "Às vezes devemos estudar a tabuada para não ter maus resultados na matemática". Parece-me que esta área não será muito do seu gosto. Veremos.
Bom ano letivo (agora sem "c") para todos!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Visita ao "Agromuseu Municipal Dona Julinha"

Hoje tive uma visita de estudo antes de iniciar o ano lectivo. Fomos todos convocados (os professores do 1.º ciclo do Agrupamento) para a visita ao "Agromuseu Municipal Dona Julinha".
Confesso que a viver a poucos quilómetros da localidade onde o museu se encontra, nem sabia da sua existência.
Convido todos a visitá-lo, pois é um breve passeio às memórias do nossos pais e avós, de uma história que aos poucos teima ser esquecida.
As imagens a seguir apresentadas retirei da internet e outras, assim como o texto encontram-se no site da Câmara Municipal de Leiria: http://www.cm-leiria.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=32855


Pormenor da quinta

Pormenor da quinta
                                   












Apresentação
O Agromuseu Municipal Dona Julinha, situado na Ortigosa, resulta da intervenção museológica levada a cabo pela autarquia nas instalações da antiga «Casa Agrícola Pereira Alves de Matos Carreira», tendo como objectivo principal garantir a preservação de espaços e memórias, tornando acessível à comunidade este importante património rural.

Celeiro

Breve historial
José Joaquim Pereira, Clemência Alves de Matos e filhos
A «Casa Agrícola Pereira Alves de Matos Carreira» foi construída na segunda metade do século XIX por ocasião do casamento de José Joaquim Pereira e Clemência Alves de Matos, avós maternos da sua última proprietária, Dona Maria Leonilde Pereira Alves Carreira.

O avô pertencia à família Pereira oriunda da Ruivaqueira, de enorme prestígio na região. Para além de grandes proprietários agrícolas, exerciam a actividade de “barbeiros” não no sentido actual de cortadores de barba e cabelo, mas prestando serviços de medicina numa época em que escasseavam médicos nas aldeias. Eram ainda os mordomos das festas em honra do padroeiro, Santo Amaro. Clemência Alves de Matos pertencia à família Alves de Matos dos Conqueiros, freguesia de Souto da Carpalhosa, uma das mais antigas e distintas famílias da região.

Tiveram três filhos; Deolinda Pereira Alves de Matos e Joaquim José Pereira Alves de Matos morreram bastante jovens. Maria Júlia da Conceição Pereira Alves de Matos casou com Domingos Fernandes Carreira, natural da Guia (Pombal), que se fixara na Ortigosa para abrir uma farmácia. Tiveram uma filha, Maria Leonilde Pereira Alves Carreira, que ficou a ser conhecida como “Dona Julinha” após a morte precoce de sua mãe, quando tinha apenas dez meses. Domingos Fernandes Carreira passou a administrar a Casa Agrícola e os bens que ficariam a pertencer a “Dona Julinha” por herança de seus avós e de sua mãe.

A «Casa Agrícola Pereira Alves de Matos Carreira» foi uma das maiores casas agrícolas da região, possuindo inúmeras propriedades rurais e florestais e muito gado bovino, porcino e aves de capoeira. Nela se desenvolvia uma intensa actividade agrícola na área da vitivinicultura, cultura de cereais e do azeite, fruticultura, bem como silvicultura.

Com a doação, em 11 de Junho de 2002, de parte dos bens constituintes da «Casa Agrícola Pereira Alves de Matos Carreira», por Maria Leonilde Pereira Alves Carreira, ao Município de Leiria, a Câmara Municipal de Leiria procedeu, apoiada pelo Programa de Iniciativa Comunitária LEADER+, através da ADAE – Associação de Desenvolvimento da Alta Estremadura, à recuperação e adaptação dos edifícios agro-pecuários e áreas anexas, constituindo um circuito museológico interpretativo e interactivo.

Exposição permanente
Casa da Salgadeira
Pelas suas características específicas foi constituído um percurso que procura antes de tudo recriar os ambientes que reportam às memórias e vivências de trabalho e lazer nesta grande Casa Agrícola, elas próprias retalhos da vida da comunidade rural da região leiriense de outrora.

As colecções do Agromuseu constituem o acervo que existia na «Casa Agrícola Pereira Alves de Matos Carreira», merecendo particular destaque as alfaias agrícolas, os transportes, os objectos ligados à vitivinicultura e os utensílios do quotidiano.

As alfaias agrícolas e os transportes tradicionais constituem a base mais importante das colecções do Agromuseu, por representarem a actividade dominante da Casa e da Região – a agricultura. Inseridos no seu ambiente de utilização, salientam-se os objectos usados nos trabalhos dos campos, como o arado e a grade, as foicinhas e foices, as enxadas, os ancinhos, forcados e forquilhas, os cestos ou poceiros, e os instrumentos tradicionais de debulha e limpeza dos cereais como o mangual ou malhal, joeira ou crivo, o rodo, e a tarara

Lavatório
.

Pormenor da cozinha
Pormenor da adega
Localização
O Agromuseu Municipal Dona Julinha localiza-se na Travessa da Igreja, no lugar e freguesia de Ortigosa, pertencente ao Concelho e Distrito de Leiria.
Tem acesso pela Estrada Nacional 109 que liga Leiria à Figueira da Foz e Aveiro, e pela A17. Dista cerca de 11 Kms a N-O. da sede do Concelho.
 

 
Contactos
Travessa da Igreja
2425-781 Ortigosa
Telefone: 244 614 635
E-mail:
agromuseu@cm-leiria.pt | Internet: www.cm-leiria.pt

Horário de abertura ao público
Terça a Sexta-feira das 14h00 às 18h00.
Sábados e domingos contactar previamente os serviços do Museu
Encerra à Segunda-Feira

Todas as visitas orientadas e actividades do Serviço Educativo deverão ser marcadas antecipadamente, directamente no Agromuseu, ou através do telefone e e-mail.
Desejo a todos uma excelente visita!!!



 


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

"A arte de ensinar" (by Karen Katafiasz)

"Organiza bem o teu dia, para que este ganhe em eficácia e estruturação. Se levares trabalho para casa, que seja fruto de uma decisão consciente. Tu precisas de tempo livre para manter a frescura e evitar o esgotamento."

Palavras sábias para o início de um novo ano lectivo!