Além de professora a tempo inteiro, procuro nas minhas poucas horas livres, fazer uma actividade que me dá muito prazer: tocar saxofone. Faço parte de uma banda filarmónica.
Ora a "minha filarmónica" há mais de 100 anos que, consecutivamente, participa nas Festas religiosas de uma localidade chamada Milagres. É uma Festa com bastante história e religião, não sendo fácil perceber a que tem mais peso.Este ano, voltámos a realizar a Festa, que tem a particularidade de ser no fim-de-semana mais próximo do dia 15 de setembro (agora com letra minúscula), sendo a segunda-feira o dia principal. Este ano apanhámos os dias 18 e 19 de setembro. Claro que as aulas já começaram e entre muita ginástica por parte dos músicos estudantes e dos não estudantes, mas trabalhadores, lá conseguimos organizarmo-nos para não realizar o nosso trabalho normal e trabalhar um dia, a defender a nossa filarmónica, a tocar.
Eu, claro está não me livrei de um dia de aulas, mas graças a um horário que acabou às 16h00 numa escola que até não está muito longe dos Milagres, lá rezei por um milagre e ainda fui a tempo de fazer a procissão e o concerto, apanhando um "desgraçado" que não se safou das aulas e que mudou de roupa no carro, enquanto me dirigia para a festa.
Para poupar tempo levei a farda para a escola, dentro do porta-fatos para me vestir assim que saísse das aulas. E foi o que fiz. Só que...
Assim que acabo de descer as escadas dou de caras com um aluno da minha sala que me pergunta na hora:
- Ó professora, tu também és polícia? (a farda tem calça azul escura e camisa azul claro, como a polícia)
Não me desmanchando, acabei por dizer:
- Nunca se sabe. - E fui-me dirigindo para a sala das minhas colegas para dizer até amanhã.
Atrás de mim seguia o aluno curioso sempre a repetir a pergunta:
- Ó professora, mas tu também és polícia?
Entretanto entro na sala de uma das colegas que ao ouvir a pergunta do meu aluno lhe diz:
- Olha se fosse a ti, pelo sim, pelo não, a próxima vez que quisesse fazer asneira na sala de aula, pensava duas vezes.
Mas o aluno, não satisfeito, insiste:
- Mas tu ainda não respondeste, és polícia ou não?Olhei para ele e disse:
- Olha bem para a minha roupa.
Ele mira-me de cima a baixo, vira a cabeça e baixando os olhos sai sem dizer mais nada. Nunca mais o vi.
Estou curiosa para ver a reação amanhã na sala de aula.
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