sábado, 17 de setembro de 2011

Reconhecer uma cara

As aulas, para mim, ainda ontem começaram, e já passei uma vergonha bem passada.
Então, não é que estando eu a tomar o meu café depois do almoço, com as minhas colegas, numa esplanada que por acaso até era bem recatada, me aparece uma das "criaturas da sala" ao meu lado. Só me apercebi porque senti que estava alguém a fazer-me sombra. Eu olhei para a dita e disse: "Olá", ela também respondeu. Entretanto, a toda a velocidade que o meu cérebro me permitia pensar, tentava descobrir quem seria, mas confesso que não a reconheci. Viro-me para as minhas colegas e pergunto:
 - É minha?
Resposta imediata das minhas colegas:
- Se não conheço os meus, como raio queres que conheça os teus?
Bonito serviço, pensei. Olhei novamente para a "criatura" e perguntei-lhe:
- Eu sou tua professora?
- És!
Lindo, então eu tinha estado com a dita na sala , a manhã toda, e não a conhecia! Bonito, cada vez melhor! E lá lhe perguntei.
- Não estavas à espera que eu te conhecesse, pois não? (Já estava a manipular a resposta)
- Não. - este "não" foi pouco convincente, pois estava com ar que quem pensava "coitadita, já não vais longe se estás nesse estado!"
- Então estás sozinha?-, voltei a perguntar. E continuava a pensar que raio de sorte a minha, depois da 1.ª manhã de aula ser confrontada por uma das "criaturas" da sala e nada...
- Não, estou com a minha mãe!- e apontou na direcção da mãe.
Ora coisa estranha... só estive uns escassos minutos com a senhora, com mais não sei quantos pais à minha volta, e lembrava-me perfeitamente da cara dela... (Ai Jesus!) E depois de uma manhã na sala com a criança não consegui reconhecê-la?!
Vai p'ra casa!
Mas depois de ver a mãe, lá consegui lembrar-me da criança, do nome dela e até de quem estava sentado ao seu lado. Credo!!!!!!! Que medo!
Hoje, tentei explicar a minha atitude (reles e... sei lá... muito estranha) à miúda:
- Sabes eu sou só uma professora e vocês são muitos, não é fácil conhecer-vos de um dia para o outro.
- Eu sei.
Não me pareceu que ela acreditasse em mim. Mas ao longo do dia lá me dei conta da dificuldade de ontem, pois é raro encontrarmos alunos que entram mudos e saem calados, fazem tudo o que é pedido e ainda por cima esperam eternidades (sim eternidades porque uns escassos minutos nestas crianças parecem horas) com o braço no ar à espera que eu dê pela sua presença e lhe dê autorização para falar.
O ano promete!

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